Hoje discuti com um
militar no aeroporto de Guarulhos. Ele quer punição para os comunistas, os
"terroristas" à mesma medida que forem punidos os militares. Ora,
disse eu, quem começou a violência foi o Estado. Uma violência
institucionalizada. O Estado abriu precedentes, esclareci eu, ao torturar milhares
de pessoas e assassinar outras centenas. "Mas a comissão da verdade é
muito revanchista, como Dilma." Eu ri (se Dilma tivesse um pouco mais de
Chávez...) A comissão da verdade quer a verdade, quer que acabe esse silencio,
disse eu. Mas eu defendo a punição. É muito fácil ver uma Argentina, um Uruguai
que colocaram na cadeia todos os seus ditadores e um Brasil que só acabou com a
ditadura com um acordo à direita em que militares se autoanistiaram
vergonhosamente, brincando com a inteligência do povo brasileiro. Foi uma
democracia feita para a direita, feita para o esquecimento das atrocidades
cometidas pelos militares na ditadura. Assim fica fácil violentar. Assim
abrimos precedentes para outra ditadura.
"Mas não há com o
que se preocupar com nossas forças armadas", disse ele. Não sei, eu
sentenciei. Forças armadas que planejam derrubar o avião de um vice-presidente
a caminho da posse (me referi a João Goulart) não me parece ser uma forma de me
deixar o cidadão despreocupado. Pelo contrário (tive coragem!), essas forças
armadas me preocupam profundamente.
"Mas tem muita
gente com graduação nas forças armadas", ele tentou se salvar. Isso não
quer dizer absolutamente nada, eu pisoteei no que sobrou dos argumentos dele.
Fazer graduação não quer dizer absolutamente nada no Brasil quando temos uma
universidade conservadora como a nossa, feita pela elite e que ainda não
entendeu a virada demográfica no seu centro. Ora, eu não parei por aí, há
tantos professores doutores reacionários! É o que mais há. Uma praga, uma
cabecinha atrasada, representando um modo atrasado de fazer ciência. A
universidade brasileira tem bons indicadores de C & T, mas continua com um
estilo atrasado, departamentalizado, disciplinar etc. Não quer dizer
absolutamente nada.
Quero que o Brasil
rompa com essa maldita Lei de Anistia.