
Bem argumenta o ex-presidente Lula ao dizer: “Nunca
antes na história desse país...” Nunca antes na história deste país se podia
imaginar a Revista Veja (uma preciosidade que nos remete a um nazismo venenoso e
ao árduo articulismo político da Direita) ia sair à defesa de Caetano Veloso.
Só
foi o crítico Roberto Schwarz criticar o “endireitamento” do nosso amigo
Caetano Veloso que, em sua trajetória artística, bebeu da Esquerda até se
tornar amiguinho da Direita, para que Veja e Folha de S. Paulo saíssem à defesa
de seu mais novo protegé. Bem dizia
Lula- Nunca antes na história deste país. São tempos macabros que chegamos que
até dar vontade de acreditar no fim do mundo, como o mundo judaico-cristão vem
tentando nos fazer acreditar há séculos. Mas somos ateus e comemos criancinhas
e a Veja já colocou Caetano e Gil nesse pacote nas décadas sombrias de 60 a 80
quando Veja e Folha estavam de braços dados com os militares. Acontece que
Caetano deve ter parado de comer criancinha e passado para o lado do bem, o
lado da família.
Caetano
vai até pro céu. E Caetano é de Deus. E como colocar em cheque “podres poderes”
esse que hoje é amigo das elites fartas e entediadas com esse assistencialismo
ridículo, essa esquerdice sem tamanho e essa democratização e melhor
distribuição da renda no Brasil. Patético é o crítico Schwarz que Veja taxou de
não crítico de literatura. O que ele faz não é crítica literária, tenta
argumentar a direita, é crítica marxista. Isso comprova o profundo desconhecimento
de nossa grande mídia (nosso Partido da Imprensa Golpista-PIG) do que se faz
uma universidade pública e do que é a ciência na contemporaneidade. É crítica
marxista, pois não há como negar um arcabouço teórico tão rico como Karl Marx,
para analisar a relação entre sociedade e literatura.
É
provável que eles estejam pensando que não passamos na Idade Média, como eles.
Recentemente assisti a um linguista brasileiro dizendo a mesma coisa em um
programa de TV, respondendo a um pró-reitor de uma faculdade particular e a um
gramático normativista. Mas Caetano vai para o céu, está salvo e, mesmo que não
tenha dinheiro para comprar um lugarzinho ao lado de um Deus capitalista,
ganhará de presente de aniversário (da ditadura da Direita no Brasil) um lugar
no céu. Está tudo muito bonito, e agora é fácil dizer que Schwarz não é crítico
de literatura porque ele se importa com o social. Ele é um pesquisador que
sobreviveu a um racionalismo que trancou as ciências na sua latomia gritante e
nos seus limites que nada proporcionam à sociedade. A universidade de Schwarz é
a dos Linguistas aplicados, dos Sociolinguistas e de todos aqueles que querem
democratizar esse mundo que a elite transformou em paralelo e que se chama
universidade. Schwarz é crítico de literatura porque literatura representa o
real, recria o real, repensa o real e questiona o real. Como Schwarz pode se
trancar na forma, se o conteúdo critica diretamente essa elite burguesa
colonial, que continua governando a grande “roça” Brasil entre conservadorismo
neoliberal e coronelista?
E
já que Caetano Veloso faz parte da Direita, ele que aproveite o fim de seus
dias, porque o céu é próximo, mas que deixem os cientistas em paz. Ou melhor, que
deixem os cientistas fazerem o trabalho deles.
Daqui a pouco vão dizer que o que Marcos Bagno faz não é linguística só
porque ele se preocupa diretamente com os fatores sociais determinam nos
fenômenos linguísticos... e para isso tem que criticar os meios de comunicação
(PIG) que preconizam uma avaliação linguística incondizente com que o que se
discute e se faz na universidade. Pelo visto as caetanices vão ser mais ouvidas
do que as pesquisas sérias de cientistas profissionais, e quem sobra é um
doutor que há mais de 40 anos estuda a obra de Machado e agora decidiu acrescer
a sua observação sobre fatos sociais relevantes, analisando as grandes farsas
que permearam a construção da Tropicália.