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Os americanos nunca vão engolir o dia em que dois aviões se chocaram contra as torres gêmeas do World Trade Center. Parece que foi ontem pela violência com que as entidades ocidentais tratam o assunto. E foi realmente ontem, porque os americanos não querem viver isso nunca mais. Eles, superpotentes, símbolo da supraforça capitalista, sendo atacados por algumas dezenas de terroristazinhos do mal? Ora! Isso mexeu sobremodo com o Tio Sam. Até a depressão chegou por lá!
É preciso lembrar que se tornaram uma potência, dentre outros fatores, pelo oportunismo exacerbado durante a Primeira e Segunda Guerra Mundial. Com um país isento de conflitos bélicos venderam o quanto puderam de armas, tornando-se uma grande potência armamentista. Assistiram até quando quiseram os massacres e o extermínio realizado pelos nazistas e só foram intervir porque os seus mais frutíferos “clientes” estavam enfraquecidos. Nos fizeram engolir o American Way of Life e nos agraciaram com nomezinhos engraçadinhos e preconceituosozinhos de “latinos”. Conseguiram, assim, instituir o inglês americano como a nova língua franca e, no ápice do neoliberalismo, na (pós) Guerra Fria, são atacados pelos orientais filhos de Allah. Como pensar que a Guerra Fria já acabou quando os alvos continuam sendo os mesmos? E, dessa vez, se inventou o nome de “guerra ao terrorismo”, rubrica que representa um terrorismo que não cessa de agradecer ao silêncio ou apoio de uma Rússia branca. Os russos devem estar rindo dentro de si mesmos por verem todo esse barato espetáculo ocorrer no centro do capitalismo ocidental. Pobres e podres ocidentais! Fato é que os sobrinhos do Tio jamais vão engolir os ataques de 11 de setembro.
Faz dez anos que a crista do capitalismo caiu, demonstrando que os fortes e destemidos Estados Unidos da América não são tão fortes e destemidos assim. E nesses dez anos dizem até já ter “deletado” o principal culpado, sir Osama Bin Laden. Osama, o próprio, deve estar assistindo a toda essa polêmica em um bar às beiras do Marco Zero, pensando, talvez, como para nós ocidentais importam mais as aparências do que o conteúdo. Um tanto aristotélico! Essa é a Guerra ao terror mais cara da história. Em um país absurdamente neoliberal, caçar Osama saiu mais caro do que tirar os Estados Unidos da atual crise econômica. O mundo inteiro paga mais uma vez as contas deixadas por um individualismo brutal, pela exploração exagerada do capital humano, as marcas deixadas pelas correntes neoliberais que, ao invés de se espelharem na crise dos anos 30, afastam o Estado cada vez mais de sua tarefa enquanto interventor e fiscalizador, e arruínam mais uma vez o mundo econômico. Provavelmente, essa seria a guerra mais cabível que os americanos deveriam declarar: a guerra contra o seu próprio individualismo. Concluo com um poeminha, de minha autoria, que dedico aos Estados Unidos:
A indústria me vendeu
Uma camisa “de marca”
Pra me civilizar.
E eu perguntei:
“Seu industrial,
Quantos ‘macacos’ africanos
O senhor teve que matar?”
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