
A gente começa a perceber as lacunas ou as
brechas da Pós-Modernidade. Fomos tão violentos
ao propor democracia e direito de expressão que agora os religiosos querem
ter o direito de discriminar.
A
polêmica da vez não é mais o chamado KIT GAY, mas a aprovação ou emenda à lei
de racismo, complementando também as ofensas e preconceitos cometidos a
homossexuais. Os religiosos saíram às ruas, ou melhor, no gramado em frente ao
Congresso Nacional, para protestar. Protestar contra o quê? Contra a lei, ora.
Mas a lei estabelece multa ou prisão para quem discriminar outrem por
homofobia. Foi esse o medo das religiões. E principalmente porque algumas delas
sustentam discursos inatistas que dizem que a homossexualidade é uma doença, e
quem é homossexual irá pro fogo eterno. Temendo a lei humana, porque essa
existe, (pelo menos se diz) eles saíram pra protestar. Protestar de forma
absurda. Protestar defendendo um discurso medieval, desfundamentado, sem embasamento
sério ou científico, e com um medinho de serem condenados a pagar multas quando
se referirem a um homossexual.
Imaginem
o caso de um pastor, supostamente heterossexual apenas, que mantém relações
sexuais com alguém do mesmo sexo, mas que continua se dizendo contra a
homossexualidade e, pior, contra uma lei que pune a homofobia. O pior de tudo:
ele é tão gay quanto o parceiro dele penetrado nessa relação sexual. Isso que a
gente paga pela liberdade imposta pela Pós-modernidade: cada um tem tanta liberdade
de dizer o que quer dizer, que as bobagens começam a soar sem parar, protestos
contra a ordem, a lei, contra a própria Pós-modernidade. Imaginem os dias futuros em que neonazistas e
skinheads sairão às ruas, mostrando suas
caras, e protestando contra esses pretos americanos, essa impureza, esses
nordestinos estúpidos e esse país cheio de promiscuidade. É a contradição de
ser Pós-moderno, é a síndrome de Bolsonaro.